De mim para mim
O lema deste século XXI parece mesmo resumir-se a uma vontade de regresso às origens e uma maior valorização dos afectos: já sem falar nos revivalismos de toda a espécie, são os detergentes com aroma a sabão azul e branco que pululam por todas as prateleiras do supermercado, o anúncio do ancião na sua mercearia que afiança à boa dona de casa que sim, aquela pera que dá sabor ao iogurte é mesmo nacional ou o novo slogan da Vodafone "Gostamos da vida como ela é", a apelar às coisas mais simples da vida.
Sinal de uma civilização em decadência? Talvez. Saturação de um mundo artificial e materialista? Possivelmente. Vontade de paz e sossego como contraponto ao bulício do dia a dia? Com certeza.
Por mim, o regresso às origens pode começar pelas coisas simples da vida como ter alguém que me descasque as maçãs à mesa (um privilégio que continuou, mesmo após a mudança no estado civil, só se alteraram as mãos) ou o poder rever algumas séries e desenhos animados que marcaram a infância. Mas, lá está o meu eclectismo a funcionar, sem dispensar o pulsar de uma cidade ou os benefícios de uma sociedade de informação. É que o amor e uma cabana é muito bonito, desde que a dita cabanita seja de cimento, arquitectura moderna, virada para o mar e a 10 minutos da civilização mais próxima.
E por que razão escrevo estas linhas? Olhem, porque me apetece. Porque é domingo à tarde, amanhã é segunda e para a semana muda a hora. Estes três factores têm em mim um efeito introspectivo. É assim...
5 Comments:
Uhhhh. Sim, sem dúvida. Também me parece que é tempo de voltar às coisas simples da vida. Pequenos gestos de bondade e afecto que alegram os dias de qualquer um, mas que nos tempos que correm se afiguram cada vez mais escassos e nem sei bem porquê. Mas de tudo o que me mais revolta é o egoísmo e a maldade de alguns….
Ai que saudades (sentimento de “Sehnsucht” que não sou dessa época!) do tempo da “aldeia da roupa branca” onde o sabão azul e branco lavava a alma de qualquer tristeza e as pessoas andavam contentes com o pouco que tinham e ainda repartiam.
Ai que distraída Carlinha, o anúncio "gostamos da vida como ela é " é da concorrência (TMN).
Ups, indesculpável. Ainda por cima eu e a minha paixão por anúncios. Fica a correcção.É que,para mim, quando não é Optimus, é tudo igual...
Beijinhos
Quando li tudo isto o estomâgo deu umas voltas e ficou num nó: "para a semana muda a hora"...
olha, Carla se fosse eu, distráda como sou, se calhar nem associava o anúncio a nenhuma marca! o anúncio da rfm, por exemplo, está muito engraçado, mas foi preciso vê-lo, algumas vezes, para me lembrar que era da RFM. Não sei porquê... distraio-me com o anúncio e não me lembro de reparar na marca, ou se reparo, esqueço-me depressa. A publicidade comigo não funciona muito bem. Beijinhos
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