Embora a noite de quarta-feira tenha estado fria, no Pavilhão Atlântico a temperatura chegou aos píncaros, sem defraudar as expectativas, com o fantásticos Depeche Mode.
Passava pouco das 21.30 quando os primeiros efeitos de luz no palco se fizeram sentir e a multidão deu as boas vindas à banda da noite. David Gahn apresentou-se com toda a carga de estilo que o caracteriza: de blazer e calças justas. Durante o concerto, foi-se primeiro o blazer, depois o colete, até o vocalista ficar em tronco nu, como é, aliás, seu apanágio, o que lhe fica muito bem.
Mas enfim, vamos à música. A banda foi fiel ao alinhamento do último concerto (31/01 na Suiça), pelo que iniciou com "A Pain that I'm used to" do último álbum. À terceira música, começou a euforia. As culpas foram inteirinhas de "A Question of Time". A partir daqui foi um quase não parar de abanar a anca e cantar em coro. Os raros momentos de relativa calma eram, como se esperava, aqueles dedicados às canções mais recentes.
A faixa etária foi também a esperada: entre os vinte e muitos e, maioritariamente, os trinta e poucos e muitos. Mas também, não seria de esperar ver jovenzinhos do secundário a vibrar com a banda britânica, verdade? O seu a seu dono, "mainada"!
Dos clássicos não ficou a faltar nenhum e os momentos em que o Pavilhão Atlântico atingiu o seu pico foram mesmo aqueles em que os Depeche tocaram "Personal Jesus"( 40 mil pessoas de braços no ar a ecoar convictamente:"Reach out and touch faith") e "Enjoy the Silence", a minha favorita e aquela em que a minha estrelinha deve ter saltado um bocadinho mais. Há lá melhor sensação que ver David Gahn descansar a voz. É que, aos primeiros acordes da música, já o público tomava o lugar do vocalista. O refrão, desse, nem se fala, o microfone foi literalmente voltado para a multidão que cantava afinadamente: "All I ever wanted, all I ever needed is here in my arms, words are very unnecessary, they can only do harm". A seguir já estão a ver, foi mesmo o auge!.
Depois destas duas pérolas, os senhores piraram-se para voltar logo a seguir para o primeiro "encore" que incluiu "Everything Counts" e a inolvidável canção a roçar o kitsch dos anos 80:"Just can´t get enough". E como eu regressei aos meus 14 ou 15 anos (já a dita não era muito recente)...
O segundo "encore" não esqueceu "Never let me Down". O concerto encerrou com David Gahn e Martin L. Gore, em dueto, numa interpretação comovida e comovente de "Goodnight Lovers".
No final, a sensação foi de plena satisfação. E nem a quase meia hora de fila para pagar o parque de estacionamneto serviu para tirar os sorrisos de um público que gostou do que viu: uma banda de culto que soube amadurecer, com um vocalista fenomenal, de estilo único, que interage com o público e que, por alguns instantes, parecia não acreditar no que lhe estava a acontecer.
E quem puder não perca o concerto de 28 de Julho. Acho que já deu para abrir o apetite...
Ah, e para terem uma amostra do que foi a noite, é só espreitarem aqui. O Jorgito imortalizou um dos momentos sonoros.