Ainda em relação à intervenção dos encarregados de educação na avaliação dos professores, reporto-me a uma mega reportagem na revista "Única" do Expresso do último sábado de Maio. Numa descrição impressionante de como o trabalho infantil não é uma realidade do passado no nosso país, contribuindo mesmo para o enriquecimento da sobejamente conhecida Zara e do número de vendas em feiras e mercados por esse Portugal fora, ficaram-me na memória as palavras do pai de Israel, uma criança de etnia cigana, que justificava desta forma o facto do seu filho vender na feira, não obstante ter uma professora (malandra) que o tenta"desviar" para os bancos da escola:"Não o quero no segundo ciclo porque lá é só drogados e traficantes de droga. E para que é que ele precisa de tantos estudos?"
A cronista Inês Pedrosa parece ter ficado igualmente chocada com estas afirmações, a avaliar pelo seu texto na "Única" do sábado que passou:"Não tenho nada contra a avaliação dos professores por comissões de pais (desde que não sejam avaliados pela mãe do Carlitos e pelo pai do Israel)." Depois desta afirmação, a mesma continuou uma defesa da avaliação dos docentes pelos encarregados de educação. No entanto, distraiu-se e deixou em branco a chamada crítica positiva. Então como se evita que sejam os pais do Israel deste país a avaliar os professores? Fácil: criando também um processo de avaliação dos pais pelos professores. Ou seja, para que não se pense que esta ideia do "Avalie-se também os pais" vem na linha do "Cá se fazem, cá se pagam", deve propor-se que, perante a inevitabilidade de uma intervenção dos pais na avalição dos docentes, seja feita uma selecção dos encarregados de educação que estão num nível Bom ou Excelente para avaliar os professores dos seus filhos. E, veja-se, mesmo desta forma, não há justiça nesta intervenção paternal na avaliação dos docentes, pois fica sempre por resolver a questão da falta de imparcialidade e do conhecimento científico dos pais para uma tarefa desta responsabilidade.
Claro que tudo isto é o resultado de conjecturas enquanto se lê o "Expresso" em plena praia, em duas manhãs de um fim-de-semana fantástico e numa prova de que o calor nem sempre tolda as ideias. Pode é ser reponsável por alguma demora na passagem para o registo escrito, mas vai sempre a tempo.
Então senhora Ministra, a continuar com a teimosia que lhe é conhecida, do mal o menos, e venham de lá essas grelhas de avaliação dos pais e, só depois, a de avaliação dos professores, está bem?