Ainda a braços com todos os trabalhos e burocracias que uma mudança de residência acarreta, vejo-me a recordar com um sorriso aqueles momentos estranhos inerentes a estas situações.
Nove da manhã, ainda com o cabelo despenteado e o pequeno almoço a meio, sou interrompida pelo senhor da água que vem fazer a ligação da dita.
Primeira indecisão do dia: fico a olhar para o homem enquanto ele mexe e remexe no contador? Se calhar não, parece que o estou a controlar. Dou um passo atrás e, de repente, lembro-me: "Então, mas se fecho a porta e vou para dentro, dou aquele ar de tia a querer dizer: "Vá lá, trabalhe que é para isso que lhe pagam. E rápido!"
Solução encontrada: deixo a porta entreaberta enquanto vou acabando os meus flocos com leite e, de vez em quando, dou um ar de minha graça e abro a porta, tecendo comentários sobre o tempo ou perguntando se está muito complicado o processo de ligação da água.
Resultado, provavelmente por ter demonstrado algum "nacional porreirismo" ainda que meio tosco: o senhor pede licença para usar a casa de banho. "Sim, sim, é aqui!"- respondo. O homem entra e só de lá sai 10 minutos depois com o barulho do autoclismo a despejar seguido de outro a fechar a porta.
Eu, entre o meu ar chocado ("Olha-me este a usar a minha querida casa de banho...") e o meu ar aliviado ,por ver finalmente o homem a abandonar a minha casa com a água ligada e um sorriso bem mais radiante (provavelmente de alívio), despeço-me com um rápido: "Ok, bom dia!" e fecho a porta antes que o desgraçado se lembre de ir atrás do cheiro de café que entretanto comecei a fazer.
Moral da história (com duas opções):
Opção A- As decisões tomadas de manhã com a barriga ainda meio vazia não são as melhores. É deixar cada um fazer o seu trabalho que é para isso que lhes pagam.
Opção B- Como diz a minha mãe, há que pôr o coração ao largo. Afinal as casas de banho são para se usar...
Ah, mas ainda esta semana, quando vinha do supermercado, reparei que o mesmo funcionário do SMAS ligava a água de outro apartamento e, imagine-se, eis que o meu vizinho parecia agir como eu, a avaliar pela conversa que mantinha com o funcionário sobre a importância de água na cozinha, intercalada com uma retirada estratégica para dentro, deixando a porta..entreaberta.
Será que a história teve o mesmo final?
5 Comments:
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The nerve! Pedir para ir à casa de banho parece-me excesso de confiança mesmo mas também não ias dizer que não, claro. Afinal o funcionário estava apenas a certificar-se do resultado positivo do seu trabalho ;) beijinhos
Pois é, dor de barriga não tem hora... mesmo quando estamos no nosso horário laboral!
Esqueci-me de assinar o comentário anterior: sou eu, a Pantera Cor-de-Rosa! Beijinhos
A expressão é linda: "Coração ao largo"! De facto, é tudo o que se pode fazer; afinal o "serviço" já estava feito.
Cotovia
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