Saturday night anger

Depois de ter acabado de ver, já com bastante atraso, o fantástico Kill Bill 2, resolvi-me por um breve zapping. Logo à segunda ou terceira paragem deparei-me com uma espécie de talk show em que a escritora pimba disfarçada de tia afiançava que não há praticamente diferença entre analfabetos e os alunos que entram para a faculdade. A razão, afirma a dita senhora do alto da sua sapiência, é a falta de auto-estima nacional que faz com que não se exija dos alunos.
Ora aí está, ficou subentendido que a autora do best seller Não há Coincidências acredita que é pela sua escrita erudita, que muito exige da inteligência humana, que se muda o mundo. Imagine-se que a senhora defende que se limita a escrever a vida tal como ela é, assim como Miguel Torga o fazia no seu tempo.
Deixar que esta senhora dê ou tenha dado aulas numa faculdade já é estranho, mas que se dê ouvidos a quem tem a veleidade de se comparar com um dos símbolos da literatura portuguesa, já é demais.
Deu-me tal irritação que peguei imediatamente no comando para mudar de canal. Mas, espera, um sorrisinho sarcástico, confesso, começou a esboçar-se na minha boca ao ouvir os números. Segundo entrevistador e entrevistada, existem cerca de 800 000 analfabetos em Portugal e o Não há Coincidências já vendeu perto de 700 000 exemplares. Haverá coincidências?