Thursday, March 03, 2005

O estado das notícias.

2 de Março. 20 horas.
Sentada no sofá, depois de corrigir um sem número de fichas, confronto-me com uma realidade.Está na hora das notícias.
Decido-me por um zapping pelos três canais portugueses.
Abertura dos telejornais:
RTP 1: O PS exige recontagem de votos de emigrantes, afiançando que a diferença mínima entre os votos no seu partido e no PSD sugere fraude.
Pergunto-me: começam já a seguir os maus exemplos? Não ouvimos todos já o anedótico Alberto João jurando a pés juntos que o PSD devia ter ganho com uma diferença mais alargada?
SIC: O claro oportunismo de fabricar uma notícia. Abrem o Jornal da Noite, com um jornalista credível a enfatizar o assalto a 35 portugueses no Brasil. Porquê oportunismo? A razão é simples: um jornalista da sic que estava na hora certa,no lugar certo. Por isso, toca a massacrar os telespectadores com uma descrição hollywoodesca dos acontecimentos. Isto é notícia para abertura?
TVI: Igual a si própria. Abre o Jornal Nacional com a notícia da morte de dois idosos ("velhinhos", segundo se lhes refere a intragável "jornalista").
Procuram-se situações de extrema pobreza. Mas, ah e tal afinal não eram assim tão pobres, nem abandonados. Foram apenas, e infelizmente, vítimas de um frio que não dá tréguas e que ameaça sem piedade os mais fragilizados. Notícia para abertura?
Opção inteligente, na minha humilde opinião: estacionar, como habitualmente, no Telejornal. É que, embora "batam" na RTP, o mais antigo canal português é, neste e noutros casos, o primeiro a prestar serviço público (também é para isso que descontamos). Pelo menos nos programas de informação consegue informar acerca do que realmente interessa, sem sensacionalismos, sem oportunismos.
Mas não estou a fazer qualquer elogio. Limito-me a constatar uma obrigação. É que as televisões deviam educar e não contribuir para adensar uma situação de ignorância e "sede de sangue" que se arrasta há demasiado tempo. E não me venham dizer que é apenas o canal público que tem esta responsabilidade.
Tenho dito!