Wednesday, November 30, 2005

O prémio merecido

Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor -- muito melhor!--
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.

(Mário Cesariny)

Mário Cesariny vai receber hoje na sua casa, em Lisboa, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, que lhe será entregue pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, e o Prémio Vida Literária.


Já tinha saudades de ouvir falar de um octogenário famoso, lúcido e com créditos inegáveis!!!

Tuesday, November 29, 2005

E agora, para algo completamente inovador...

Os meus dias de trabalho avançam a uma velocidade estonteante e, quando começo a fazer contas, reparo que já só me restam muito poucas aulas para terminar uma unidade didáctica de extrema importância, dar os respectivos testes, corrigi-los e proceder a uma avaliação ponderada de dezenas de alunos. Com os dois feriados que se avizinham, o sentimento é ambivalente: por um lado, é bom ter um feriado (dois, neste caso); por outro, atrasa-me a vida lectiva.
Mas, qual ambivalência? (confesso eu), a balança pende claramente para o lado da alegria do feriado (então não?), a consciência profissional é que teima em dar "um ar de sua graça".
Esta faz parte, de resto, de uma das últimas ruminações diárias que me acompanham (juntamente com o insustentável odor a dejectos de suínos) durante o percurso Montijo-Capuchos.
E o que tendes vós com isso? Se calhar nada, mas, como transmite a blogopal de Bruxelas, um blogue é pessoal e nele regista-se o que der na real gana do seu autor.
E a mim, à falta de tema mais interessante, resta-me dar azo a algum narcisismo que, lá bem no fundo, está presente em qualquer blogue que se preze, registando on-line o que me vai "naialma".

Friday, November 25, 2005

O bem que sabem as banalidades do descanso.

Previsões meteorológicas de vento, frio e chuva?
Quero lá saber. É sexta-feira!!!!!!!
De cachecol, luvas, guarda-chuva ou do que tiver de ser: BOM FIM-DE-SEMANA!

Wednesday, November 23, 2005

Nem tudo é assim tão mau!

Uma ida a qualquer Repartição de Finanças reveste-se normalmente de uma incontornável dualidade: por um lado, o sacrifício de estar à espera e de ter de lidar com "alguma" incompetência; por outro, a comicidade de várias situações que decorrem do contacto humano em situação de stresse e da observação dos contribuintes enquanto se espera.
Chego à Repartição às 15.30, numa clara repetição da táctica que utilizo para ir aos Correios (meia hora antes de fechar não poderá significar "grande seca"), retiro a senha de atendimento e deparo-me com a enorme clivagem entre o meu número e o número da pessoa que está a ser atentida. Como que lendo (ou pensando que lê) os meus pensamentos, um senhor idoso comenta, junto ao meu ombro:
_ 23? Eh pá, ainda vai ter que esperar muito!...Mas olhe, não saia porque eles fecham-lhe a porta!
Agradeço, algo preocupada, pois não tenho a mínima vontade de ficar ali especada à espera. Resolvo então dirigir-me a outro balcão para tratar de outro assunto. E novamente o senhor simpático:
_ Ó menina, não saia...
_ Não, eu vou só ali actualizar a morada no Cartão de Contribuinte. (Mas por que razão me estou a justificar?- pergunto-me)
_ Ah, então está bem. (Como quem diz: "Se vai seguir o meu conselho, pode ir!")
Trato do cartão no edifício ao lado (tento fazê-lo sem o simpático idoso me ver sair), e, PÂNICO!, são 16.05, já não me deixam entrar.
Olho desolada para a já amarrotada senha número 23.
De repente, eis que a funcionária que acaba de me atender parece ler os meus pensamentos e remata:
_ Vá depressa, porque, tendo a senha, ainda a atendem.
Agradeço e lá vou eu em nova correria para o edifício ao lado. Continua a confusão, já não vejo o meu amigo e ainda vejo o casal que está a tentar resolver o problema da morada. Sento-me numa cadeira em estado duvidoso, olho para o ecrã e fico um pouco desesperada: só passaram 5 números...
De súbito, a funcionária começa a carregar furiosamente no botão e, à falta de resposta, vai avançando até que, imagine-se, chama o 23.
Levanto-me de rompante, com alguma pena por não ver como vai acabar a cena do casal e da morada que ninguém encontra, e trato do meu assunto. Preparo-me para pagar a multa que esperava quando a funcionária diz:
-Multa? Mas, está tudo em ordem. Tinha ainda uns dias para fazer o pedido!!
Conclusão, a ida às Finanças foi tudo menos traumatizante: deparei-me com duas pessoas simpáticas, consegui reentrar no edifício após as 16 horas(Uau), perdi apenas 40 minutos e , melhor ainda, poupei 50 euros. Para festejar e gastar o que não gastei na multa, guess what, fui comprar as botas.

Sunday, November 20, 2005

Do pé para a boca ou uma grande vontade de encarnar o(a) gato(a) das botas

Hoje à tarde até vou a uma exposição e tudo, por isso, sinto-me à vontade para uma declaração anti-intelectual que começa a verbalizar os primeiros esboços de uma vontade imensa de ir às compras:
Quero umas botas rasinhas em camurça, de cano médio e com pêlo por dentro. Sim, para as usar como o não fazia há uns 18 ou 20 anos atrás, por fora das calças.
Pronto, apetece-me e, enquanto não as compro, fica aqui o desabafo e a vontade.
Como me diz o responsável pelo H no Mota, "são mesmo coisas de gaja"!

Wednesday, November 16, 2005

Mortificações pós-gula


Porque tinha acabado de sair desse mundo maravilhoso que é uma Repartição de Finanças.
Porque o almoço foi fraquito.
Porque estava fresquinho.
Porque há vidas que não sentia o sal das batatinhas nas papilas gustativas, nem a gordurinha nas mãos.
Porque me apeteceu e porque tinha de ser.

Resultado final: Enjoadíssima!
Aí vêm mais meses e meses sem sequer provar uma Ruffle.

Tuesday, November 15, 2005

Ilustrarte


Sempre me fascinei com as ilustrações de João Vaz de Carvalho e, agora, o português recebeu o prémio devido.
No fim-de-semana rumarei ao Barreiro para deambular pelo mundo fabuloso dos mais novos.

Monday, November 14, 2005

Desafio musical

Giro, giro é o anúncio da Virgin que a Catarina descobriu.
Para "music freaks", ou não.

Sunday, November 13, 2005

Um fim de semana em forma de aliteração

Karts
Convívio
Quarta-Feira
Castanhas
Conversas
Conjecturas
Castanhas
Queijinhos
Castanhas
Cosquices
Conversas
Comprinhas
Castanhas

Friday, November 11, 2005

A tradição ainda é o que era (?)

Dia cinzento de Outono.
O soldado montado no seu cavalo procura, a custo, movimentar-se no meio daquela tempestade avassaladora.
De repente, um vulto.
O soldado repara que se trata de um pobre mendigo enregelado e perdido no meio daquele dilúvio. Sai então do seu cavalo, retira a longa capa que lhe cobre todo o corpo e envolve o mendigo, num acto de incontestável bondade e altruísmo.
Subitamente a chuva pára, o nevoeiro dissipa-se e o sol revela-se e aquece deliciosamente num dia que passou de escuro a brilhante.

Reza mais ou menos assim a lenda de S. Martinho.
Nós, por cá, festejamos o altruísmo do Santo com água pé e castanhas, ou não estivéssemos no tempo delas.
E mais, se nos portarmos bem, talvez possamos ser igualmente contemplados com um agradável Verão de S. Martinho.
E todos para o Magusto!

Wednesday, November 09, 2005

Maus ventos

O que se está a passar no país de primeiro mundo não enobrece minimamente os direitos do Homem, nem é um bom presságio para os tempos que se avizinham. A França dos últimos dias só corrobora uma xenofobia escondida por perfumes e estatísticas de pais rico e interessante. Além de todos os problemas materiais causados por toda esta violência urbana, espero que não se comece a criar um novo problema - a desresponsabilização de quem perpetua actos de vandalismo em cadeia. Isso nunca. Os fins não podem justificar os meios.

Tuesday, November 08, 2005

Pura gula.


A partir de hoje e até domingo será aqui que poderemos encontrar Hänsel und Grätel em qualquer esquina.
Ummmm! Lecker!

Friday, November 04, 2005

Palavra- passe para o fim de semana: Carpe Diem!

Thursday, November 03, 2005

Cosy, cosy, cosy

Não me lembro de um outono em que os dias cinzentos e chuvosos me tenham sabido tão bem como os que têm passado. Não será apenas pela consciência da necessidade do bem mais precioso, mas provavelmente também pela experiência de viver as primeiras chuvas no poiso novo, de beber um chazinho a ver as gotas cair com o rio ao fundo, de ver um bom filme em excelente companhia, de passar serões amalucados com quem mais gosto, nomeadamente com aqueles que recentemente ganharam o posto de "true friends" ou pela vontade de ler livros que me transportam para paragens de cenários cinzentos e misteriosos. O Mistério da Estrada de Sintra tem revelado mais uma boa faceta do Eça e de Ramalho Ortigão e a releitura do enigmático romance de Daphne du Maurier, A Pousada da Jamaica, vai-me mostrando uma Cornwall (odeio a palavra Cornualha) soturna e inquietante. E com estes dois livritos à cabeceira não me faltava mais nada...Ora faltava sim. Numa ida ao hipermercado para meia dúzia de compritas necessárias não resisti ao novo do Saramago. Cá em casa já tinhamos decidido comprar As Intermitências da Morte e não é preciso esperar pelo final do mês, verdade? O que acontecerá ainda não sei. A avaliar pela leitura das vinte e cinco primeiras páginas, vou aumentar os livros à cabeceira e provocar alguns arrufos matrimoniais:"Não, desculpa, agora sou eu. Amanhã continuas tu."
E pronto, assim vai o outono por estas paragens.

Wednesday, November 02, 2005

Querer é poder.

Quando um filme se prolonga para além do tempo em que estivemos em frente ao ecrã é porque fez um clique. O mesmo se passa com os livros, os artigos que se vão lendo de quando em quando ou algumas afirmações proferidas por nomes mais ou menos sonantes. Uns pela negativa, outros pela positiva, todos deixam a sua marca nesse complexo e algo efémero departamento cerebral que é a memória.
Numa tarde outonal impôs-se então o visionamento do filme que há muito queria conhecer. Não me cabe a mim esplanar o quanto a densidade psicológica das personagens estabelece a diferença inequívoca entre um bom e um mau filme, ou um bom e um mau livro. No entanto, cabe-me aqui apresentar alguns sentimentos de mortificação por só agora ter descoberto O FILME de Clint Eastwood, por só agora ter entendido que um filme sobre boxe pode ir muito além do aparente e que as grandes decisões requerem perseverança e respeito pelo outro.
Por tudo isto e muito mais vale sempre a pena ver um filme assim: ainda que triste, encanta a alma.

Zzzzzz

A ambivalência da mente humana tem destas coisas.
Por um lado, a perspectiva de um feriado anima incontestavelmente a segunda feira; por outro, no day after, o estado zombie denuncia uma quebra no ritmo que sabe bem mas que afinal faz mal.
Então como ficamos?