O lema deste século XXI parece mesmo resumir-se a uma vontade de regresso às origens e uma maior valorização dos afectos: já sem falar nos revivalismos de toda a espécie, são os detergentes com aroma a sabão azul e branco que pululam por todas as prateleiras do supermercado, o anúncio do ancião na sua mercearia que afiança à boa dona de casa que sim, aquela pera que dá sabor ao iogurte é mesmo nacional ou o novo slogan da Vodafone "Gostamos da vida como ela é", a apelar às coisas mais simples da vida.
Sinal de uma civilização em decadência? Talvez. Saturação de um mundo artificial e materialista? Possivelmente. Vontade de paz e sossego como contraponto ao bulício do dia a dia? Com certeza.
Por mim, o regresso às origens pode começar pelas coisas simples da vida como ter alguém que me descasque as maçãs à mesa (um privilégio que continuou, mesmo após a mudança no estado civil, só se alteraram as mãos) ou o poder rever algumas séries e desenhos animados que marcaram a infância. Mas, lá está o meu eclectismo a funcionar, sem dispensar o pulsar de uma cidade ou os benefícios de uma sociedade de informação. É que o amor e uma cabana é muito bonito, desde que a dita cabanita seja de cimento, arquitectura moderna, virada para o mar e a 10 minutos da civilização mais próxima.
E por que razão escrevo estas linhas? Olhem, porque me apetece. Porque é domingo à tarde, amanhã é segunda e para a semana muda a hora. Estes três factores têm em mim um efeito introspectivo. É assim...