Thursday, April 28, 2005

O Quino sabe...





Seria ou não seria um anúncio esclarecedor para os fumadores deixarem de o ser?
Pelo menos não é tão violento para os ouvidos como a "pérola" já passada do Macário Correia e a lambidela no cinzeiro. Esta vai ao fundo sem ofender...

Tuesday, April 26, 2005

Is anybody home??

Realmente há alturas em que a falta de conteúdo tem tanto de irritante como de recorrente. Que vivemos numa sociedade cada vez mais superficial, penso não haver dúvidas; que vivemos numa constante confirmação do romance de Milan Kundera, A Insustentável Leveza do Ser, também é um facto (é assustadora a efemeridade da vida e a proliferação daqueles que anseiam cada vez mais pelos 15 minutos de fama, nem que para isso tenham de se fechar numa quinta repleta de câmaras ou que ponham à prova e em público a fidelidadade do seu mais que tudo). Mas o que mais me assusta é a ainda existência, no início deste século XXI, de comentários como este: "Ah, é? O Mantorras só sabe escrever o nome? Oh, também ele só precisa de jogar à bola..."
Quem se saiu com esta pérola é alguém por quem até nutro simpatia mas... com uma destas...enfim...
Pergunto-me: então o salvador dos benfiquistas esgota-se aí mesmo como ser humano? Não terá vontade de aprender a ler? De ganhar independência? De descobrir o mundo fora dos estádios? Pensará que o que interessa é uma conta choruda e que isso de ler jornais e livros é só para intelectuais?
Pois é, não sei se entretanto o mais que tudo do clube da Luz já tratou de se tornar numa pessoa do seu século e se terá deitado o seu analfabetismo para trás das costas. O que sei é que ainda há pessoas para quem a vida se resume a dinheiro e futebol...
Se esses de quem falo ganharem o Euro milhões ficarão com certeza bem mais ricos mas, pelos vistos, a pobreza de espírito falará mais alto. Esperemos que não...

Thursday, April 21, 2005

Hoje o meu dia começou assim:

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

"Liberdade", Sophia de Mello Breyner Andresen

Seguiu-se ao recital um ameno coffee break com pastéis de Belém numa sala de professores repleta de ouvidos curiosos e de espíritos já alimentados.
Se juntar isto ao facto de estarmos nas vésperas de um fim-de-semana simpático, então poder-se-á dizer:
Haja liberdade e viva a poesia!

Tuesday, April 19, 2005

Spring

To what purpose, April, do you return again?
Beauty is not enough.
You can no longer quiet me with redness
Of little leaves opening stickily.
I know what I know.
The sun is hot on my neck as I oserve
The spikes of the crocus.
The smell of the earth is good.
It is apparent that there is no death.
But what does that signify?
Not only under ground are the brains of men
Eaten by maggots.
Life in itself
Is nothing,
An empty cup, a flight of uncarpeted stairs
It is not enough that yearly, down this hill,
April
Comes like an idiot, babbling and strewing flowers.

Edna St Vincent Millay

Sunday, April 17, 2005

Desabafos de uma tarde de domingo.

Mais um domingo a empacotar coisas. É curioso como em seis anos se acumula uma tal quantidade de objectos: ele são fotografias e convites de casamentos(até aqueles com as pombas e o anel no bico), jarrinhas, velinhas e tretinhas de toda a espécie. Seis caixotes jumbo estão já atulhados de sapiência, desde publicações académicas a obras de ficção. E ainda faltam mais. Mas, enfim, é por uma muito boa causa. Tudo em nome do wonderful flat.
Salva-se este dia com o "Informador" na RTP 1, precedido pelo professor que fala, fala, fala e até diz algumas coisas com interesse. No entanto, o melhor dos 20 minutos marcelistas são as chávenas magníficas da Villeroy e Boche em cima da mesa. Ai que ficavam tão bem na minha casa nova... Mas a verdade é que pelo preço de uma daquelas maravihas posso comprar um serviço de jantar no IKEA e ainda comer um gelado retemperador.
A vida é assim. Há que fazer fazer escolhas.
Bem, I´ve got to go on packing my stuff.
Prometo que o próximo post não terá este tom confessional. É que é domingo, o tempo está cinzento, amanhã é segunda feira... Uff...

Thursday, April 14, 2005

Chain reaction

Em nome da T-shelf, e do natural agrado pela sua observação queridaça no seu blog, aqui vou eu:

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Qualquer livro do David Lodge, pela escrita hilariante e personagens apaixonantemente (existirá este advérbio de modo?) académicas ou dos Maias do Eça, só para viver in loco a boémia da Lisboa de então.

Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Excluindo a Abelha Maia na minha infância, houve várias personagens que me fascinaram mas que não justificam o seu aparecimento nesta resposta.

Qual foi o último livro que compraste?
O Jardim das Delícias de João Aguiar, o seu mais recente romance.

Que livros estás a ler?
Esse mesmo.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Um de poemas da Sophia de Mello Breyner, para momentos de alguma inspiração, e qualquer romance que não me deprimisse (por que não de David Lodge, Mia Couto ou Luís Sepúlveda?).

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?

À Teresa, porque só pode gostar de ler... Disso não tenho dúvidas.
Ao Luís, o colega responsável pelas minhas primeiras incursões na blogosfera.
Ao meu primo, porque anda sempre na lua (no sentido literal do termo) e gostará concerteza de responder a este questionário:) pois a leitura faz também parte da sua vida astronómica.

Wednesday, April 13, 2005

Possível receita contra a seca

Quem tem por hábito passar por este blog (blogue, se optarmos pela grafia portuguesa) terá decerto reparado na semelhança que existe entre o seu actual estado e a situação do país: ambos encontram-se assolados por uma imensa seca.
Pois é, isto das ideias fluirem naturalmente acontece de vez em quando e, pelos vistos, há alguma seca na minha fonte de inspiração. Será pelo cansaço? Será pela falta de tempo? Ou será pela proximidade da "silly season"? É que o verão não está assim tão longe. Ainda ontem senti um inequívoco cheirinho desta estação quando li esse tão popular e já saudoso cartaz num café de bairro:"Há caracóis". Foi esse, aliás, um dos momentos mais altos desta semana que ainda vai a meio: a perspectiva de um fim de tarde numa qualquer esplanada e em boa companhia, a deglutir esse maravilhoso petisco luso.
Talvez a imperial possa contribuir para o fim da seca... You never know...

Saturday, April 09, 2005

Meet my new servant





Pronto, está contratado. Reparem no cuidado que o senhor tem com os copos para a boda de casamento do par de jarras britânico. Vou já tratar da papelada para o dito entrar ao serviço na próxima semana: tenho muitos copos, pratos e panelas para limpar, empacotar e transportar.
E eu que andava tão procupada...

Friday, April 08, 2005

É só querer...




Quino

Leitores deste blog? Ui! Já perdi a conta:)

Monday, April 04, 2005

Notes about nothing

Ontem revi um episódio fabuloso do "Seinfeld" em que uma das situações hilariantes era o facto do stand up comedian ter acordado a meio da noite com uma ideia genial para um dos seus shows. O que fez então o nosso amigo? Apontou, ainda que bêbedo de sono, a tal ideia no primeiro papel que lhe apareceu na mesa de cabeceira. Problema do dia seguinte: "O que raio escrevi eu aqui? Que hieróglifos são estes?" (adaptação muito livre do que Jerry disse na realidade).
Pois é, durante todo o episódio divertimo-nos com as tentativas frustradas do protagonista em perceber "the joke". Recordei-me então do que me aconteceu inúmeras vezes aquando da escrita da minha dissertação de mestrado (e o que às vezes ainda me acontece em relação à preparação de aulas). "Out of the blue" surgia-me uma ideia que apontava prontamente num bloco (quando o trazia comigo), num guardanapo de papel do restaurante ou até na mão. Tudo servia para registar uma ideia que às vezes me causava as maiores dores de cabeça para decifrar(uma ou duas vezes ficou-se por isso mesmo: um amontoado de letras estranhas).
E tudo isto para dizer o quê? Que o melhor anti-stress será não ter sequer a responsabilidade de escrever para não esquecer, ou seja, ter uma profissão como a da Marisa (segundo denota oportunamente a t-shelf.)
O maior stress desta loura dos spas será porventura: "Mas agora foi a massagem de rosto ou a da celulite? Será que já fiz com algas ou lama? Bolas, que maçada! Por que razão não escrevi nos tissues hidratantes?"
É assim, uns trabalham, com algumas ideias que não chegam a concretizar-se, outros descansam, numa clara concretização de algumas ideias (se é que têm algumas...)

Sunday, April 03, 2005

Homem com H maiúsculo.

Ontem o mundo perdeu um dos homens mais proeminentes dos últimos tempos.
Ele que lutou por um mundo melhor, promovendo essencialmente a paz e a tolerância religiosa e que até à hora de partir não esqueceu o mundo que o rodeia.
E o mundo, ou grande parte dele, parece disso não se ter esquecido.
Aqui fica então a humilde homenagem de alguém que sempre o admirou e teve o privilégio de o ver pessoalmente.
Obrigada e até sempre Santo Padre!