O nosso país, em particular o Alentejo, anseia pela chuva que teima em não chegar.
A água com que fomos brindados ontem equivaleu a quase nada, foi uma espécie de chuvinha pasmada, um “chuvilho”, como lhe chama Mia Couto na sua recente obra de ficção.
Em
A Chuva Pasmada, o escritor moçambicano narra o sofrimento e angústia de um povo perante a indecisão da chuva: “...,o chuvilho se manteve como um cacimbo sonolento e espesso. As gotas não se despenhavam,(...)Que houvesse um desfecho para aquele chuvilho.”(pp. 6-7)
Não é só a água enquanto elemento físico que nos faz falta. Precisamos essencialmente daquilo que o bem mais precioso metaforiza. Precisamos de renovação, de transparência e de saciedade.
Agora que novos ventos parecem ter começado a soprar, falta-nos algo que limpe e renove a nação, algo que nos sacie, para acabar de vez com o “chuvilho”.
Estará uma mancha rosa à altura de despertar a chuva?
We’ll be waiting…
Entretanto, parece que
já choveu alguma coisa nas nossas contas... (sentimento do dia 23)